O hipotireoidismo e a tireoidite de Hashimoto são distúrbios da tireoide que afetam mais de 300 milhões de pessoas à volta do mundo… Metade desse número permaneça sem diagnóstico. A diabetes é a segunda condição mais comum a afetar o sistema endócrino. Como resultado, é comum pessoas serem afetadas pelas duas doenças.
A glândula tireoide desempenha um papel central na regulação do metabolismo e pode ter um impacto importante no controle da diabetes. Além disso, os distúrbios da tireoide não tratados podem aumentar o risco de certas complicações diabéticas e podem agravar muitos sintomas do diabetes.
Felizmente, os problemas de tireoide podem ser diagnosticados e tratados. Por todas estas razões, as pessoas com diabetes devem fazer exames periódicos para identificar distúrbios da tireoide o mais cedo possível.
O que é falado neste artigo:
O Hipotireoidismo, Hashimoto e a Diabetes
Pessoas com diabetes têm um risco maior de desenvolver hipotireoidismo e tireoidite de Hashimoto. Na população em geral, cerca de 6% das pessoas têm algum tipo de distúrbio da tireoide. No entanto, a prevalência problemas de tireoide aumenta para mais de 10% em pessoas com diabetes.
As pessoas com uma doença autoimune têm uma probabilidade maior de desenvolver outras doenças autoimunes. Por isso as pessoas com diabetes tipo 1 têm um maior risco de desenvolver tireoidite de Hashimoto e posteriormente o hipotireoidismo. Até 30% das mulheres com diabetes tipo 1 têm um distúrbio tireoidiano. A tireoidite pós-parto é uma tireoidite autoimune três vezes mais comum em mulheres com diabetes.
Apesar de diabetes tipo 2 não ser uma doença autoimune, existe uma maior ocorrência hipotireoidismo em pessoas com diabetes tipo 2. A associação entre o diabetes tipo 2 e o hipotireoidismo ainda não tem uma explicação cientifica convincente.
Efeitos do Hipotireoidismo no Controle do Diabetes
A função tireoidiana saudável é essencial na regulação do metabolismo e a disfunção da tireoide pode ter efeitos no controle glicêmico dos diabéticos. Tanto o hipertireoidismo e o hipotireoidismo podem afetar o curso da diabetes, mas os seus efeitos são diferentes.
O hipotireoidismo raramente provoca mudanças significativas no controle de glicose no sangue. Apesar disso pode reduzir a depuração de insulina na corrente sanguínea, o que pode permitir a redução da dosagem de insulina.
Os efeitos mais graves do hipotireoidismo nos diabéticos são as anormalidades nos níveis de lipídios no sangue. Isto inclui o aumento do colesterol total, colesterol LDL (a lipoproteína de baixa densidade ou “colesterol ruim”) e aumento dos níveis de triglicérides.
O padrão anormal de lipídios típico na diabetes tipo 2 é geralmente agravado pelo hipotireoidismo. Este padrão tipicamente consiste em colesterol HDL ou “colesterol bom” baixo, triglicerídeos elevados, e uma alta proporção alta de partículas de colesterol LDL pequenas e densas.
Desta forma o hipotireoidismo aumenta ainda mais o risco já elevado de doenças cardiovasculares dos diabéticos, tais como doenças cardíacas, AVC e derrames em pessoas com diabetes.
Gravidez, Diabetes e a Tireoide
Disfunção tireoidiana relacionada com a gravidez é três vezes mais comum em mulheres com diabetes e deve ser antecipada em todas as mulheres grávidas com diabetes tipo 1.
A tireoidite pós-parto pode causar flutuação dos níveis de hormônio da tireoide, alguns meses após nascer o bebê. Além de sintomas como a fadiga, depressão pós-parto, irritabilidade e palpitações do coração, o controle da glicemia e as necessidades de insulina podem ser afetadas durante este período de alterações hormonais reprodutivas e de disfunção tireoidiana.
O monitoramento contínuo da função da tireoide é necessário em todas as mulheres que experimentam a tireoidite pós-parto, uma vez que cerca de um terço irá desenvolver hipotireoidismo permanente nos três a quatro anos seguintes.
As mulheres com hipotireoidismo que já tomam levotiroxina sódica antes da gravidez muitas vezes precisam aumentar a dosagem durante a gravidez. A reposição hormonal adequada é vital para o desenvolvimento neurológico do bebê.
O Diabetes Dificulta o Diagnóstico da Função Tireoidiana
O diagnóstico da função da tireoide com base apenas nos sintomas pode ser difícil. Em pessoas com diabetes essa tarefa fica mais difícil por causa das inter-relações complexas entre a função da tireoide e a diabetes. Tanto glicose no sangue cronicamente elevada e o hipertireoidismo podem causar perda de peso apesar de bom apetite, fraqueza e fadiga. Da mesma forma, doença renal diabética severa pode produzir sintomas tais como inchaço, ganho de peso, e hipertensão, que podem ser confundidos com hipotireoidismo.
Um nível de TSH elevado acompanhado por níveis normais de hormônio da tireoide é conhecido como hipotireoidismo subclínico. Pessoas com hipotireoidismo subclínico geralmente não têm quaisquer sintomas. No entanto, enfrentam os maiores riscos de doença cardiovascular associado ao hipotireoidismo, devido às alterações nos níveis de lipídios no sangue.
Os anticorpos de tireoide que são produzidos na tireoidite de Hashimoto também podem ser medidos por meio de exames sanguíneos. A presença destes anticorpos pode ajudar a determinar a causa subjacente das perturbações da tireoide. Os testes de anticorpos mais específicos são o anti-TPO e o TgAb.
Importância do Rastreio Frequente
Os problemas de tireoide podem ter um grande impacto no controle do diabetes e aumentam o risco de complicações diabéticas. O rastreio regular é recomendado para permitir a detecção precoce e tratamento. Para as pessoas com diabetes tipo 1 é aconselhável o rastreio anual.
Para as pessoas com diabetes tipo 2, o rastreio deve ser feito no momento do diagnóstico e repetido a cada cinco anos. A frequência de triagem deve aumentar com o avanço da idade, uma vez que a incidência de hipotireoidismo aumenta com a idade. Para as pessoas acima de 60 anos, é recomendado o rastreio anual.
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